sexta-feira, 17 de março de 2017

Dois amigos e um Mazda 626



Estamos no longínquo ano de 2014. O mês é fevereiro. Eu, Matheus, havia acabado de ficar desempregado devido a extinção da Controlar S/A empresa qual eu trabalhava.
Com o dinheiro da rescisão no bolso, veio a vontade de fazer  merda comprar um outro carro. Numa certa aula na faculdade, fomos para o laboratório de informática, e aproveitei para vasculhar os anúncios na OLX em busca de alguma tranqueira para chamar de minha.
Filtrando por carros de até R$ 2 mil, depois de alguma busca acho um Alfa Romeo 164 ano 1994 rodando, apenas precisando de bateria. Como era de se esperar, os documentos já não existiam mais e o carro era "só para rodar". Como um apaixonado por Alfas, a mão começou a coçar, e a imaginação já ilustrava as maldades que poderiam ser feitas com o V6 italiano.
Comentei com meus colegas de sala, minha ideia de adquirir este incrível Alfa Romeo. Após alguma discussão sobre se valia a pena ou não, eis que o senhor Sidney Simões owner da empresa Provel Velocímetros (oficina localizada na Zona Sul de SP, referência no reparo de painéis, air-bags e ABS) me dirige a palavra e solta a seguinte frase: "Ô nego, se quer fazer merda, pode buscar meu Mazda 626."




Neste momento fiquei sem entender nada. Questionei o Sidão (apelido do Sidney), sobre o tal Mazda. Ele me informou que era um Mazda 626 1993, 2.0 16 válvulas automático, que comprou o carro de uma empresa a anos atrás, porém acabou não transferindo o mesmo para seu nome e para seu azar a empresa acabou falindo, logo documentos desse carro era apenas uma lenda. Me disse também que o carro estava parado a um bom tempo e caso eu me interessasse o carro era meu, sem precisar pagar nada. Detalhe que o carro originalmente é vinho, porém foi pintado de preto fosco.

Falei que iria pensar a respeito e lhe daria a resposta. Fui pra casa com a pulga atrás da orelha, só imaginando qual seria o real estado de conservação do Mazda. 
Claro que não ia me meter nessa história sozinho. Para isso chamei um de meus melhores amigos, o senhor Diego Silva RTS Oficina Mecânica (vulgo Ratão) para ser meu sócio no Mazda. Sim, um carro para dois donos. Sem muito juízo, o Ratão topou a sociedade e fomos ver o carro no sábado de carnaval, mais precisamente dia 1 de março de 2014.
Chegando na casa do Sidão, para nossa decepção o estado do carro era deplorável. Estava sem os vidros de porta da lateral do passageiro, sendo o da porta dianteira substituído por um acrílico moldado. Como a rua em que o carro estava costuma encher de água nos dias de dilúvio, somado a falta do vidro, imagem a sujeira que o interior do veículo. Os pneus estavam murchos e tinham até lodo.




Nesse momento fizemos uma pequena reflexão, e vimos que não valeria a pena levar o carro. O calor castigava neste dia, e resolvemos ir até um boteco próximo tomar um suco e comer alguma coisa. Durante nossa refeição, o celular do Ratão tocou. Do outro lado da linha, estava seu primo, informando que caso quiséssemos levar o carro ele tinha conseguido um guincho na faixa!

A reflexão feita a pouco tempo atrás não valeu de nada, e resolvemos trazer o carro para minha casa. Após muita briga com meus velhos, deixei o carro na calçada de casa, tampei o vidro que faltava com plástico e começamos a limpeza do interior.


Guincho levando ele para minha casa


Estado do interior
Para nossa surpresa, quando colocamos a bateria no carro diversos comandos eletrônicos estavam funcionando mesmo com as enchentes que o carro havia passado, e a pressão da linha de combustível fez com um bico simplesmente pulasse da flauta e quase atingisse minha cabeça.
Porém, o motor sequer girava. Constatamos que o motor de arranque já tinha dado adeus à vida e providenciamos seu reparo. Decidimos sacar o cabeçote, e talvez foi nesse momento o maior assombro do projeto. Os quatro cilindros estavam enferrujados e com água!!!


Estado do motor quando chegou
O motor foi desmontado, lavamos todas suas peças, refizemos juntas com papel de junta (essa parte foi motivo de crítica por algumas pessoas, porém se tratava de um projeto de baixo custo já que não era e nem é interessante gastar dinheiro num carro que não possui documentos) e compramos óleo novo para motor e transmissão. 
No momento de correr atrás de peças, vimos a dificuldade de possuir um veículo importado antigo de uma marca que a mais de 15 anos abandonou nosso país. Em quase 100% das auto-peças que ligamos sempre ouvíamos a mesma resposta: "Putz campeão... peça de Mazda não trabalhamos" ou "Mazda?! Hã?". Nos poucos locais que ainda se acha alguma coisa, o preço exorbitante extinguiu toda a nossa chance de compra.


Cabeçote na "retífica"
Remontamos o motor, já com o motor de arranque reparado, porém nada do carro funcionar. Tentamos diversas vezes, procuramos o defeito e nada. As esperanças e o ânimo acabaram indo embora, junto com a paciência dos meus pais que viviam reclamando do carro.
Até que certo dia, estava varrendo a calçada quando para um conhecido e me pergunta se eu não tinha intenção de vender o Mazda, pois o tio dele tinha um igual e estava precisando de peças. Respondi positivamente, e falei para o tio dele entrar em contato comigo para negociarmos o carro.
No dia seguinte, recebo a ligação, e a indecorosa proposta de R$ 800. Rapidamente entrei em contato com o Ratão, e sem titubear aceitamos a proposta, e nos "livramos" do Mazda.


Dia do Adeus
O dinheiro do Mazda, virou uma Vw Santana Quantum CS 1985, conhecida como a Quantum do Maguila. Porém isso é história para um outro post.
Abraços!


Att. Matheus Lima
























Seu auge conosco, calçando as rodas 16" da Mitsubishi Eclipse

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