domingo, 21 de agosto de 2016

Rebaixando seu veículo

Rebaixar um carro é um assunto que divide opiniões. Alguns acham feio, falam que estragam o carro, e chamam de "xunning". Outros gostam do resultado, pois o carro fica mais estável, e o carro fica até mais bonito. Minha opinião é a mesma do segundo grupo, pois eu gosto de carros rebaixados. Pra você, que também gosta aí vai algumas dicas.
Quando uma montadora projeta um carro, ele está todo de acordo com a potência oferecida pelo propulsor. Nada é feito "por acaso", tudo é estudado nos mínimos detalhes. Então se um carro sai de fábrica com rodinhas aro 13 e pneus "linguiça", suspensão "mole" e freios com discos "pequenos", pode ter certeza que o motor não é um "canhão", ou seja, essa configuração está de pleno acordo com o que o veículo pode oferecer em termos de desempenho e dirigibilidade. Basta citar como exemplo superesportivos com Ferrari e Porsche.
Quem já andou nesses carros pode achar a suspensão baixa e "dura". Mas são ossos do ofício. Imagine um carro desses com suspensão alta e com excesso de "molejo"? Dirigi-lo dessa maneira seria, no mínimo, suicídio.
Até os nossos "superesportivos" passaram por esse processo. Por exemplo, o Uno Turbo teve os amortecedores endurecidos e suspensão levemente rebaixada.



Por que rebaixar a suspensão? Além de deixar qualquer carro mais bonito, esse processo não fica só na aparência, pois feito com critério, isso passa a ter grande funcionalidade. Quando abaixamos um carro, o centro de gravidade também abaixa, melhorando a estabilidade em pista plana nos casos de alta velocidade. Com menos espaço entre o "bólido" e o chão, se diminui a chance de "turbilhonamento" do ar, ou seja, evita-se que o carro se levante acarretando uma falta de estabilidade. Mas tudo tem um limite. Não se pode simplesmente "socar" o carro no chão. Isso é perigoso, pois qualquer irregularidade do solo será transmitida ao volante, dando o efeito contrário do esperado.

Maneiras de Rebaixar um carro:

Molas Cortadas - A princípio, todos pensam nessa opção, que é a mais "em conta" do mercado. Desde que seja feita de forma correta, não há grandes problemas em se usar esta técnica. Qual seria a forma correta? Muita gente pensa que é só chegar lá, mandar tirar uns três elos e acabou. Só que se esquecem que quando reduzimos a altura original da mola, o amortecedor passará a trabalhar sempre com sobrecarga de peso e com seu curso reduzido. Isso, a médio prazo, irá fazer o amortecedor "abrir o bico" muito antes do tempo normal. O certo, nesses casos, é dar atenção ao sofrido amortecedor, encurtando sua haste para que ele não trabalhe sobrecarregado e até mesmo endurecê-lo ainda mais. Ou então, trocá-lo por outro do tipo esportivo, em geral mais baixo e já mais duro do que um comum. E ainda há outro detalhe nas molas: quando cortadas, é obrigatório um retrabalho na nova ponta, para que ela não venha a escapar do encaixe original, um efeito no mínimo desagradável e no máximo desastroso.
Porém, nem todas as molas poder ser cortadas. Algumas simplesmente não podem passar por esse processo pela sua própria concepção. Um exemplo comum é o do Gol G3 que devido ao seu tipo de mola deve sofrer outro tipo de retrabalho. Molas que afinam nas pontas devem ser encolhidas, nunca cortadas porque elas podem acabar soltando do encaixe.

Molas cortadas com amortecedores preparados, é o tipo de suspensão mais comum que temos no mercado, a famosa suspensão Fixa.

Mola cortada
Molas Retemperadas - "Retemperar" uma mola consiste em aquecê-la num forno especial de alta temperatura, que tem por objetivo encolher a mola. Esse sistema tem uma vantagem, pois a mola ainda terá todos os elos, porém nem tudo são flores. Ao encolher uma mola, a distância entre elos diminui e isso pode gerar perda de eficiência em seu trabalho de amortecimento.
É o ideal para quem não quer comprar um conjunto de molas especiais.
Assim como no corte das molas, os amortecedores devem ser especiais, para que o carro não fique "pulando" e acabando com sua vida útil.

Suspensão de Rosca - Outro modelo bastante comum é a suspensão de rosca, que se regula a altura do carro externamente. Para se exemplificar, é semelhante à famosa "catraca" muito usada nos Fuscas. Regula-se a altura por meio de um "parafuso" situado na própria suspensão, e para isso, ergue-se o carro num elevador ou jacarezinho para efetuar os "ajustes". O objetivo é o mesmo dos outros tipos de modificações, ou seja, abaixar o centro gravitacional do veículo. Como o sistema funciona? Existe uma rosca acoplada na bandeja inferior ligada na mola e também na bandeja superior. Resumindo, basta girar a rosca para prensar ou soltar a mola e assim regulando a altura do carango.

Suspensão de Rosca

Catraca

Amortecedores - Amortecedores mais firmes "são de lei" em qualquer suspensão rebaixada. Pode ser feito um trabalho no próprio amortecedor (desde que ele esteja em boas condições, claro!) tornando-o mais duro e mais curto, através do retrabalho na haste do telescópio e do aumento da pressão de óleo interno da peça. Ou, pode-se optar por amortecedores especiais, como os "coil-over", pois é possível regular a "dureza" dos mesmos. Mas, em termos de "custo-benefício", o retrabalho nos amortecedores originais fica mais barato e com resultados pra lá de satisfatórios.

Suspensão a Ar - Quem busca performance de verdade, pode esquecer a suspensão a ar. Este tipo de suspensão consiste em quatro bolsas de ar que tem a função de levantar e abaixar o carro por meio de controle interno ou mesmo remoto. O sistema enche ou esvazia a bolsa para levantar ou abaixar o veículo. Muito utilizada para exibições, porém com o aumento de sua tecnologia já está sendo utilizada em circuitos de alta velocidade e etc...

Suspensão a Ar
Uma coisa que não se deve fazer de maneira nenhuma é usar "presilhas" para baixar o carro. Esta errada prática funciona assim: coloca-se uma presilha nos primeiros e nos últimos elos, comprimindo a mola, fazendo ela encolher, como se o carro estivesse carregando peso. Esta pratica é errada, porque as presilhas costumam soltar e desestabilizar totalmente o carro. Se imagine na estrada e de repente uma dessas presilhas se solta. O carro simplesmente vai levantar "com tudo" podendo causar um grave acidente. Além do problema já citado, mesmo que a presilha não escape, há mais um "pepino", pois na hora de retirá-la, as molas ficam deformadas. Em resumo, é algo que não deve ser feito.

Conclusão - O ideal não é só um carro baixo, mas firme em curvas e retas, feito por um profissional competente e que entenda do assunto, para que o resultado seja o esperado. Economizar na hora de fazer seu projeto de suspensão pode gerar gastos maiores no futuro ou mesmo ainda causar algo muito pior!
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